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Depois da idade de oiro dos gatos, em que eles foram deuses, diga-se alguma coisa sobre a era em que eles passaram ser a incarnação do diabo e perseguidos quase até extinção.
Durante a Idade Média, os gatos foram vítimas de inúmeras crueldades, pois algumas pessoas acreditavam que esses animais eram possuídos pelo diabo. No século XV, o papa Inocêncio VIII chegou a incluir os gatos pretos na lista de seres hereges perseguidos pela Inquisição. Assim, esses gatos foram acusados de estarem associados a maus espíritos e, assim, queimados nas fogueiras juntamente com as pessoas acusadas de bruxaria.
Na Idade Média, acreditava-se que os gatos pretos eram bruxas transformadas em animais.
Em 1584, no livro Beware the Cat(Cuidado com o gato), o escritor inglês William Baldwin dizia que "é permitido às bruxas possuírem o corpo do seu gato por nove vezes". Outro inglês, John Heywood, reuniu, em 1546, uma colectânea de provérbios, dos quais um dizia que "a mulher, assim como o gato, tem nove vidas".
Uma expressão literária célebre das surperstições ligadas ao gato preto é um conto de Edgar Allan Poe. No conto, precisamente com o nome de “Gato Preto”, em que todas as atribulações e contrariedades por que o narrador passa na sua vida doméstica são atribuídas a um gato preto (Plutão). Até ao desenlace final, em que o protagonista, depois ter assassinado a mulher à machadada(por influência do gato, claro) e a ter emparedado, o crime é descoberto e com o cadáver da mulher, “sobre a sua cabeça, com a rubra boca aberta e o solitário olho de fogo, estava poisado o horrendo animal cujas artes me tinham instigado ao crime, e cuja voz delatora me entregava ao carrasco”.
A Idade média viria a pagar caro este ódio ao gato, com a proliferação dos ratos, e consequentes epidemias de peste.
Para terminar, mais um dito célebre sobre o gato:
Deus ao criar o rato disse: já fiz asneira! e tratou de criar o gato, logo o gato é uma errata do rato.
Victor Hugo
O Triunfo dos porcos no espeto?
É uma das novidades ardilosas desta campanha eleitoral para as autárquicas: Os comícios com porcos no espeto, como argumento para captar votos. A ideia é de Luis Filipe Menezes. Com o seu espírito inovador e revolucionário recorre às sandes de pernil para cativar e convencer eleitores. Não pode deixar de nos trazer à mente o ”Animal Farm” (Triunfo dos porcos) de Jorge Orwel.
Esperemos que Filipe Menezes consiga reduzir todos os segredos e promessas da sua candidatura eleitoral, a um princípio tão simples como os porcos revolucionários de Jorge Orwel .”Quatro patas bom, duas pernas mau”
Que é como quem diz: Quem dá porco em campanha tem a força de quem ganha.
Porco hoje, em campanha, Amanhã, blocos e cimentos não será difícil façanha.
Não sei se Filipe Menezes terá o talento de um anedótico político sul-americano que prometia um par de sapatos a quem nele votasse mas, antes do acto eleitoral, só lhes entregava um dos sapatos. O outro só seria entregue depois da eleições ... se ele as ganhasse. Para Menezes o verdadeiro rasgo de génio seria só dar às pessoas, agora, o pão das sandes. Ficando o pernil para depois das eleições ...se a sua vitória se concretizasse.
Para Filipe Menezes também parece ser válido o outro grande princípio dos porcos De Orwel. Todos os animais são iguais, mas há uns que são mais iguais do que outros. Ou seja, todos os eleitores são iguais mas há uns que têm estômagos mais sensíveis e digerem melhor o eleitoralismo barato do que outros.
Neste blogue, por enquanto, só se tem falado de gatos. De gatos que se julgam deuses. De um homem que se julga gato, ou como gato, na sua vida de trepador de telhados. Deêm-me mais uma oportunidade ainda de falar de gatos. De gatos que eram deuses. Isto leva-nos ao Egipto antigo. E a uma história contada por um historiador romano( Diodoro da Sicília) que, como ele próprio diz, presenciou os factos.
"Quando um destes animais morre, envolvem-no numa tela fina e depois levam-no ao embalsamador, lamentando-se, chorando e dando-se fortes golpes no peito. Em seguida, colocam-no numa tumba sagrada, depois de havê-lo tratado com azeite de cedro e especiarias, que têm a propriedade de preservar o corpo e dar-lhe um agradável odor. Se alguém mata um gato, ainda que involuntariamente, é seguro que será morto, pois o povo amotina-se e trata o culpado com grande crueldade, muitas vezes sem esperar que seja julgado. O medo a tal castigo faz com que alguém, que veja um gato morto se afaste para uma boa distância do corpo do animal, entre lamentações de que já estava morto quando o encontrou".
De seguida, o historiador narra o facto relativo a um soldado romano que, mesmo numa altura em que os egípios tudo faziam para agradar aos romanos, "matou um gato e a multidão não vacilou em agrupar-se em massa junto de sua casa. Nem os oficiais enviados pelo rei, para tentar salvá-lo nem o medo de Roma que todos sentiam, conseguiram salvar o homem do castigo" E acrescenta: " relato este incidente, não por tê-lo ouvido contar, mas porque o vi com os meus próprios olhos, por ocasião de uma visita que fiz ao Egipto".
Com esta, será que encerro as minhas divagações sobre gatos? Não garanto. Gostaria de falar ainda dos gatos na pintura ocidental, já que não foi só os músicos, que se inspiraram nos gatos com tema artístico. Um grande miau!
A segunda parte da explicação para a escolha do “template” um gato no telhado, tem menos interesse geral. Podia intitular-se o gato e eu ou eu e o gato. Gato que trepa telhados. Gato que trepa telhados, alguns de zinco quente (para lembrar o filme, Gata em telhado de zinco quente).
Uma das primeiras similitudes é precisamente essa. De, na minha vida, ter sido trepador de muitos (alguns ) telhados. Resumindo: Director do Serviço de pessoal de uma empresa de transportes da margem sul do Tejo (Transul) durante cerca de 5 anos, na década de 70.Professor de Português e História, na escola secundária Pe António Vieira e Externato Séneca em Lisboa. Professor de Filosofia, no Liceu de Almada em 75/76. Estágio de professor, com elevada classificação, no Liceu Antero de Quental em Ponta Delgada. Professor efectivo do então 11º grupo (Filosofia) na secundária Jerónimo de Andrade, Angra. Presidente do Conselho Directivo desta escola em 79/80. Em 79, convite do PSD para Secretário Regional da Educação. Em 80 ainda, deputado reginal independente do PS pela Terceira.
Aqui inicio um percurso político que me fará, sucessiva ou simultaneamente, dirigente regional do PS-Açores, no Secretariado Regional (órgão executivo dirigente do partido) e na Comissão Regional (órgão deliberativo máximo entre Congressos) durante 24 anos. Membro da Comissão Nacional do PS do continente. Presidente do Grupo Parlamentar do PS, durante cerca de uma dúzia de anos (82/94). Presidente de várias Comissões Permanentes e eventuais da ALRA. Presidente da Assembleia Regional. Deputado regional na ALRA durante 24 anos.
Candidato do PS pela Câmara de Angra em 89. Lider do Grupo do PS na Assembleia municipal de Angra durante 8 anos. “Pau para toda a obra”, durante os anos de chumbo do PS Açores.
Isto, para não falar do meu percurso de estudante que se passou também entre vários telhados: Seminário de Angra durante 12 anos, com diploma de aluno distinto em todos eles. Frequência e licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Frequência de dois anos da licenciatura em Economia e Ciências do Trabalho, no antigo ISCEF. Curso de Ciências Pedagógicas em Letras em Lisboa.
Foi preciso fôlego de gato para este percurso? Acho que sim. Mas as similitudes com o gato no telhado não acabam aqui. Como já disse , nestes percursos houve muitos telhados de zinco quente, dos quais, como se diz no filme, foi preciso saltar a tempo.
A escolha para este blogue de um "template" com um gato no telhado, pode dizer-se que obedeceu a duas razões. A primeira é porque sou um inconcional dos gatos. Eles sempre conviveram comigo, em número elevado às vezes (presentemente são cinco,duas mães, três filhotes)Não me canso de os admirar. Vivos, expressivos, intrigantes, independentes,cultivando o apego ao dono mas mantendo as suas distâncias.Sempre prontos a roçar-se nas pernas do dono, como a mimoseá-lo com com um arranhão; último animal na história a ser domesticado,mantém sempre um grande grau de independência, carinhoso mas não subserviente, amigo do seu amigo, mas mais amigo de si próprio. estando sempre pronto a dar-se mas nunca a entregar-se totalmente.Adora livros e papeis nos quais se espreguiça e dorme olimpicamente.Uma verdadeira obra prima da natureza, assim o considerava Da Vinci. O historiador francês Taine escreveu: "conheci muitos pensadores e muitos gatos, mas a sabedoria dos gatos é infinitamente superior."Theophile Gautier disse que "Deus criou o gato para dar ao homem o prazer de acariciar um tigre".
Mas deixem-me terminar, por agora,com a caracterização mais expressiva que conheço do gato na sua comparação com o cão:
Um antigo professor de Filosofia explicou, numa certa ocasião, a diferença entre gatos e cães com uma parábola curiosa:
Um cão olha para o dono e pensa: "este tipo alimenta-me, trata de mim, dá-me abrigo, brinca comigo e leva-me a passear. Ele deve ser Deus!" Já o gato, por seu lado, olha para o dono e pensa: "Este tipo dá-me comida e água, dá-me abrigo, brinca comigo e deixa-me fazer o que quero. Eu devo ser Deus!"
A outra razão da escolha do template ficará para próxima ocasião.
Este blogue tem um objectivo muito simples. Talvez menos amplo do que aquele que o nome pode insinuar, mas foi o título que me aceitaram depois da recusa de muitos outros, talvez mais adequados. Exemplos "Ventilar no passado"que mantinha a tradição do nome de um blogue( o ventilhador) que, muito espaçadamente, vou mantendo, e o âmbito temporal que também vai limitar o meu respigar. Trata-se de retroceder ao meu passado de deputado e esporádico colaborador de jornais, e de ir publicando no blogue alguma coisa do fui dizendo na Assembleia e escrevendo nos jornais. É um modo de compilação e ordenação como outro qualquer. Mas é um modelo que tenho vindo a aplicar aos inéditos de Coelho de Sousa e que acabou por resultar num livro. Não quer dizer, necessariamente, que vá acontecer o mesmo a estes "respingos". Mas é uma hipótese que fica em aberto e que estaria dfinitivamente arredada se eu não fosse forragear nos diários da ALRA as minhas intervenções de 24 anos de deputado, ou meus escritos de colaborador dos jornais.
Como palavras apresentação acho que chega. Até porque estou ansioso para ver como fica este primeiro post.